JEAN-LUC GODARD  (*)

CONTRA O ESQUECIMENTO

JEAN-LUC GODARD, da Nouvelle Vague, foi a nova onda -- duradoura -- da sétima Arte. A princípio era um cinema paralelo, um filme como os outros, depois, com a força da imagem e palavra, deu-se aqui e acolá, o adeus à linguagem que não era existencial, libertária, como mostrado pela protagonista de "Uma Mulher é uma Mulher".

Vida e arte nas relações humanas -- masculino feminino -- Godard trouxe-nos o elogio ao amor e o desprezo entre o casal Wladimir e Rosa, ele vietnamita, e ela chinesa de pai brasileiro.

Rosa quis viver longe do Vietnã. Experimentaram a paixão, amor e raiva, conflitos humanos, drama.   

Ele sabia duas ou tres coisas dela, mormente que se apegava aos sete pecados capitais, luxúria principalmente. Inda ele, tinha certa número dois, uma mulher casada.

Como esquecer as cenas de o acossado fugindo do demônio das onze horas? Em tempo de guerra era um salve-se quem puder (a vida). E soprava um vento do leste. 

Carmem, uma americana naturalizada, escreveu carta para Jane, japonesa que sobreviveu a Hiroshima.

Do outro lado do filme, as crianças brincavam de Rússia e de detetive. Os velhos liam o Pravda e perguntavam: Como vai você? 

Os pombos banhavam-se nas águas verdes, debaixo da ponte de Sarajevo. 

Sabemos que o grande cineasta disse: Infelizmente, para mim, chega! Compôs JLG por JLG, o Autorretrato de Setembro-22. Não usou o passaporte verdadeiramente falso. Para sempre Mozart, uma ária, foi a (também) nossa música de despedida.

Deixou-nos as Histórias do Cinema.

Contra o esquecimento ou contre l'oubli !!!

Afonso de Castro Gonçalves

Membro Fundador ABLAM, cadeira 02

Patrono: Millôr Fernandes.

(*) O texto, primordialmente, presta uma homenagem ao cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard, falecido em 13/09/22. Para tanto, foram inseridos 40 (quarenta) títulos de sua filmografia, dentro do contexto / intertexto. 

No texto, o autor buscou tão somente uma coerência narrativa ficcional.