Poemas minimalistas
LÁGRIMAS DESCALÇAS A vida se esvai nos pés descendo a ladeira das faces As dores migradas... Pago o pedágio pelos meus pecados, mas sinto Deus nas costas enquanto carrego minha cruz ==================================== OUVIDOS MUDOS O que os olhos escutaram são segredos das cores. O verde é meu país, mas a falta de luz me faz ver que as coisas estão pretas. ======== NOITE SONAMBÚLICA A noite finge que dorme entre as estrelas E eu finjo que sonho. Cai orvalho debaixo das pálpebras... É a morte dizendo que perdi mais um afeto. ======== RESSURREIÇÃO Um pedaço de pão molhado no vinho. Dor no peito, morte certa. A noite me assusta, mas de manhã vou permitir que testemunhas me vejam sair do meu túmulo intacta ========== MÃOS Dedos que servem de abrigo a artrose já foram rápidos na datilografia, constantes nos afetos. Hoje apenas dedos que rimam com medos. E tudo passa num estalar de dedos
Wanda Cunha Cadeira 16 Patrono Ferreira Gullar
Enviado por ABLAM em 20/09/2022
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